Além das vivências práticas, ler “A vida secreta das plantas” (fragmentos num texto mais abaixo) aguçou minha imaginação e percepção em relação aos vegetais. O livro é uma interessante compilação de estudos científicos cujos métodos objetivaram comprovar que as plantas tem emoção, memória e reações muito elaboradas a estímulos diversos.
Nesta ação de parceria com as árvores, sinto cada vez mais o potencial em relacionar – me com elas. Estabelecer trocas, perceber e ser percebido.
Na permanência pressiono a árvore com meu peso e o tronco se enverga um pouco. Fico ali, no mesmo lugar por até mais de horas. Penso: terá ela uma estratégia dinâmica de harmonizar tensões? Será que as informações destas alterações chegam até suas raízes?
Terá ela reações à minha presença energética? Ao meus pensamentos e emoções?
Haverá alguma alteração em seu corpo por causa dos fios de malha branco enrolados?
Sempre tomo cuidado para não apertar os fios. Não quero machucar a pele da árvore.
Em uma delas, removi um parasita de tronco grosso que há anos devia estar sugando sua seiva. Foi uma forma de cuidado e carinho. Trocas.
Penso sobre nossas energias e permeabilidades. Considerando o campo eletromagnético como uma propriedade dos seres vivos, trocas físicas e energéticas se dão entre nossos corpos. Arrisco a dizer até que um novo campo é criado a partir da fusão dos nossos campos. E que esta atmosfera pode ser acessada por pessoas sensíveis a tais percepções.
Acredito que os vegetais guardam muitos segredos, memórias e sabedorias. Contêm em suas células, estórias do mundo. E a construção do conhecimento formal muitas vezes subestima estes valores, tão presente nas culturas populares, indígenas e determinadas comunidades rurais.
O contato atento, aberto e desprovido de pré conceitos, pode nos abrir caminhos sensoriais. Não falo de misticismo, mas de percepções físicas. Não há como negar a força de uma árvore e nem mesmo sua pulsão. Se levarmos em consideração apenas sua potência como bomba hidráulica, absorvendo dezenas de litros de água do solo por dia e liberando a maior parte na transpiração, já podemos considerá-la” um mecanismo fantástico”. Se pensarmos em sua habilidade em armazenar energia solar, então, é incrível. Seu corpo é adaptado as intempéries, suas raízes adentram os solos mais duros, suas copas se movimentam nas coordenadas espaciais, suas estratégias de sobrevivência são extremamente elaboradas.
Se observarmos os desenhos dos troncos e galhos, encontraremos um padrão básico na conformação da vida. As ramificações são as mesmas das veias, artérias e canais de fluidos corporais, da distribuição dos neurônios, da disposição dos rios, das trilhas, dos caminhos e estradas. Funções de fluxo, alimentação, escoamento. Padrões estéticos de eficiência da natureza.
Em meio a tantas complexidades, acredito nas trocas. No taiki, concepção oriental de comunicação pela energia, no respeito e reverência as formas de vida, na possibilidade de aprender com as plantas e no amor como nutriente.
Sei que aprendi coisas nestas experiências que ainda não consigo formular.
Sigo.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
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